Estimulação cerebral no esporte: o novo doping?

Geralmente associamos a palavra doping a melhores resultados esportivos. No entanto, o que sabemos sobre o doping cerebral? Em que consiste essa nova tendência do século 21?
Estimulação cerebral no esporte: o novo doping?

Última atualização: 03 agosto, 2019

O cérebro pode ser o próximo alvo do doping? As técnicas de estimulação cerebral poderiam se tornar um novo atalho para aumentar a força muscular, reduzir a fadiga e melhorar a concentração durante a prática esportiva.

Anos atrás, esse tipo de doping cerebral era mais relacionado com o consumo de certos medicamentos estimulantes. No entanto, a ciência deu um passo adiante.

Atualmente, quando falamos em doping cerebral, estamos nos referindo à estimulação elétrica do cérebro. Tendo em conta os avanços científicos existentes, isso pode levar a implantes cerebrais no futuro.

O que sabemos sobre o doping cerebral?

O doping cerebral consiste em uma série de técnicas de estimulação neuronal capazes de aumentar a força muscular, reduzir a fadiga e aumentar a concentração durante treinamentos e campeonatos.

Extrapolado ao esporte, muitas pessoas veem nisso uma boa maneira de reagir mais rapidamente na largada de uma corrida de velocidade, por exemplo. Ao mesmo tempo, a estimulação cerebral melhora as habilidades de aprendizagem, que são muito importantes em determinados esportes.

É possível usar a estimulação cerebral como doping?

Essa não é uma questão nova. Diferentes cientistas, como Nick J. Davis por exemplo, levantaram o uso da estimulação elétrica transcraniana como um método de doping esportivo. A técnica consiste em uma bateria conectada a ventosas que são colocadas na cabeça.

É possível usar a estimulação cerebral como doping

Esse tipo de doping cerebral provou duplicar a capacidade de aprendizagem do paciente , mas tem efeitos colaterais desagradáveis: só melhora a aprendizagem na área do cérebro estimulada naquele momento específico. A consequência é a diminuição do restante das habilidades de aprendizagem nas outras áreas do cérebro.

Também é importante destacar que a técnica é muito acessível. Qualquer pessoa pode comprar um kit online ou aprender a montar o próprio kit. No entanto, o seu uso sem a supervisão de um profissional é totalmente contraindicado.

A estimulação cerebral e o seu uso no esporte

Assim como comentamos anteriormente, a estimulação transcraniana também poderia trazer grandes benefícios para o mundo esportivo. Essa técnica pode modular a excitabilidade cortical e, assim, induzir uma inibição ou uma ativação de acordo com a direção da corrente (anódica ou catódica).

Esse processo afeta a ativação simpática ou parassimpática e o estado de humor. Essas informações têm muita importância para determinar a fadiga, um dos fatores mais importantes no mundo dos esportes.

O papel desempenhado em relação à fadiga

A fadiga é uma variável multifatorial, embora tenha sido tradicionalmente estudada atendendo apenas aos seus componentes periféricos (neuromusculares, metabólicos, respiratórios, cardiovasculares, etc.).

No entanto, nos últimos anos cada vez mais ênfase tem sido colocada no papel que os componentes centrais desempenham no controle da fadiga. Assim, foi proposto que, em exercícios realizados até a exaustão ou em testes incrementais, a fadiga central seria um dos principais determinantes do desempenho.

A estimulação cerebral e o seu uso no esporte

Uma das pesquisas sobre o assunto estudou a diferença entre dois grupos. O primeiro recebeu estimulação cerebral durante 20 minutos antes de realizar um teste de resistência em uma bicicleta ergométrica. O segundo grupo não recebeu estimulação e realizou o mesmo teste.

Os resultados foram esclarecedores: o grupo que recebeu estimulação foi capaz de desenvolver maior potência e suportou o esforço durante mais tempo até a fadiga máxima. Inclusive, o esforço percebido foi menor para esse grupo.

Conclusões

Até agora, esses métodos não atingiram efeitos tão duradouros para que se tornassem um novo método de doping. No entanto, nos próximos anos haverá desenvolvimentos importantes nesse sentido.

O doping cerebral vai ajudar um futuro vencedor do Tour de France? Será que ele vai melhorar os reflexos de um goleiro? O mundo do esporte estará esperando para ver como vai ser a evolução de tudo aquilo que se relaciona à estimulação cerebral e o esporte.


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    • Davis N.J. (2013) Neurodoping: brain stimulation as a performance-enhancing measure. Sports Medicine 43, 649-653.
    • Okano AH, Fontes EB, Montenegro RA, Farinatti PD, Cyrino ES, Li LM, Bikson M, Noakes TD (2013) Brain stimulation modulates the autonomic nervous system, rating of perceived exertion and performance during maximal exercise.

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