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Dieta para a insuficiência pancreática

4 minutos
O pâncreas é uma glândula muito importante envolvida não só no diabetes. Você já ouviu falar de outros problemas relacionados?
Dieta para a insuficiência pancreática
Última atualização: 23 dezembro, 2019

A insuficiência pancreática é caracterizada pela perda progressiva da função pancreática até que o pâncreas deixe de exercer suas funções por completo. Por outro lado, a pancreatite aguda é um processo inflamatório temporário. Como uma pessoa com esses problemas deve se alimentar?

O pâncreas como um órgão

O pâncreas é uma glândula com duas funções principais: função endócrina e exócrina. A função endócrina é responsável pela produção de hormônios, tais como insulina, glucagon, somatostatina, gastrina e polipeptídeo pancreático.

Por outro lado, a função exócrina é responsável pela secreção de enzimas pancreáticas, tais como amilase, lipase ou tripsinogênio.

Importância da secreção pancreática

A secreção pancreática, da mesma forma que o fígado, está envolvida no metabolismo de todos os macronutrientes. A digestão da gordura depende dos ácidos biliares e da secreção pancreática. Assim, este é o nutriente mais afetado pela insuficiência pancreática ou pelos problemas no fígado.

No que diz respeito às proteínas, o seu processo de absorção depende de mecanismos adicionais, como a pepsina dos sucos gástricos, por exemplo. Por esse motivo, se o pâncreas falhar, a sua digestão não será tão afetada. Da mesma forma, a absorção de carboidratos também requer mecanismos adicionais ao uso do pâncreas.

Pancreatite aguda

Nos Estados Unidos ela é a terceira causa mais comum de internação e representa a quinta causa de morte devido a doenças não malignas. Essa doença pode ser leve ou pode levar à falência múltipla caso outros órgãos sejam afetados.

Pancreatite crônica

A pancreatite crônica é caracterizada pelo aparecimento de lesões inflamatórias irreversíveis que levam à atrofia da glândula e ao aparecimento da fibrose, com a consequente insuficiência do órgão.

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Quando há insuficiência na função endócrina, a doença está associada ao diabetes. Por outro lado, a insuficiência exócrina está associada à diarreia resultante da má absorção de gordura, conhecida como esteatorreia. Como resultado, há má absorção das vitaminas lipossolúveis.

Causas

As causas desta doença podem ser tóxico-metabólicas, idiopáticas, genéticas ou autoimunes. O consumo de álcool ou de tabaco pode levar a problemas pancreáticos. Entre as causas genéticas, destaca-se a fibrose cística, enquanto um exemplo de origem autoimune é a síndrome de Sjögren.

Objetivo nutricional diante da insuficiência pancreática

O objetivo mais importante é o de manter um estado nutricional adequado e reverter a desnutrição, caso ela já esteja estabelecida. Nesse grupo de pacientes, é comum encontrar indivíduos com desnutrição e quadros de hiperfagia que contribuem para a perda de massa muscular.

Ou seja, às vezes esses indivíduos ingerem calorias em excesso através de alimentos ricos em gordura para tentar reverter a perda de peso. Como consequência, por causa do consumo excessivo de gorduras, ocorrem episódios de diarreia que levam à eliminação de outros nutrientes, principalmente vitaminas.

Em segundo lugar, é importante obter um controle glicêmico adequado para evitar ou retardar a progressão da doença diabética ao longo do tempo, um problema que pode fazer com que o paciente precise de insulinoterapia. Uma dieta baseada em carboidratos com baixo índice glicêmico pode ser uma boa opção.

O terceiro objetivo seria considerar se a absorção de nutrientes está sendo adequada. Uma vez avaliado o status dos macro e dos micronutrientes, e levando em consideração a presença ou ausência de diarreia, a dieta deve ser individualizada.

Nessa fase do processo, a intervenção de um nutricionista é fundamental, pois ele será responsável pela adaptação da dieta, principalmente em relação ao seu conteúdo de carboidratos e proteínas.

Por último, mas não menos importante, os possíveis déficits que possam surgir a partir da doença pancreática devem ser avaliados. Os exames devem contemplar os valores de vitaminas e minerais lipossolúveis para que outras complicações possam ser evitadas.

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Insuficiência pancreática: planejamento alimentar

A recomendação nutricional fundamental é a de manter uma dieta equilibrada e saudável, com uma distribuição adequada de macronutrientes. Além disso, dividir a ingestão em várias refeições geralmente atenua o desconforto digestivo.

Nesses indivíduos, é necessário controlar principalmente a quantidade e o tipo de gordura que é fornecida. As mais bem toleradas são as de origem vegetal e os triglicerídeos de cadeia média, conhecidos como MCTs.

Além disso, as enzimas pancreáticas podem ser usadas para garantir a digestão desses macronutrientes, sempre previamente ajustadas à ingestão diária.

No que diz respeito aos carboidratos, o seu aporte depende do estado da função endócrina do pâncreas. De qualquer forma, o número de refeições depende da presença ou ausência de diabetes. A ingestão de proteínas é controlada com base em recomendações internacionais, desde que não haja outros órgãos afetados.

Finalmente, no que diz respeito à suplementação de vitaminas, os pacientes podem precisar de um conteúdo extra de vitaminas lipossolúveis, que são as vitaminas A, D, E e K.


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