FC Barcelona: símbolo e essência da Catalunha
O FC Barcelona, atualmente um dos gigantes do futebol mundial, é uma instituição com raízes que se misturam com a própria história desta região da Espanha.
Fundado em 1899, chegou a ser “Més que un club” (em português, “mais do que um clube”), assim como diz o seu lema em catalão. Por isso, vamos repassar a história peculiar de um clube que, desde sempre, foi diferente dos demais.
Os primórdios do FC Barcelona remontam ao final do século XIX, quando um suíço que se mudou para a Catalunha decidiu fundar uma nova instituição esportiva.
Ele se chamava Hans Gamper, mas entraria para a história como Joan Gamper. Tinha apenas 22 anos e era um grande amante do esporte; ele formou uma equipe que consistia em seis estrangeiros e seis locais.
Apesar de estar impossibilitado de ser presidente do clube devido à sua pouca idade, Gamper sempre esteve ligado às decisões importantes da entidade. Inclusive, há quem diga que ele até mesmo chegou a tirar dinheiro do próprio bolso nos tempos de vacas magras.
O dinheiro foi justamente a razão para o seu trágico fim. Gamper cometeu suicídio em 1930, motivado pela crise econômica profunda que afetava o mundo.
Ele e seu clube não foram exceção e a situação o levou a tirar a sua própria vida. Todos os envolvidos lamentaram o fato e ele continua sendo lembrado como o verdadeiro criador do gigante que conhecemos atualmente.
Primeiros anos de glória e profunda crise
Em 1922, o FC Barcelona abriu seu primeiro estádio, Camp de Les Corts, com capacidade para trinta mil pessoas. Nele, obteve os seus primeiros títulos: quatro Copas da Espanha e a primeira Liga, em 1929.
No entanto, o clube começou a adquirir um forte caráter social naquela época. Além disso, os impulsos de independência catalã se integravam perfeitamente com a ideologia da entidade, que se fortalecia em muitos esportes.
Uma vez, em 1925, o estádio foi fechado pelo governo de Primo de Rivera por seis meses, devido às vaias à Marcha Real, antes de um jogo.
A década de 30 talvez foi a mais difícil da sua história. Após a morte de Gamper, a situação piorou. Na temporada de 1933-34, o Barcelona teria caído, se não fosse pela ampliação dos lugares na primeira divisão.
No âmbito social, a Guerra Civil Espanhola atingiu duramente o FC Barcelona, por estar em terras catalãs “rebeldes”. Seu próprio presidente, Josep Sunyol, que era um político da Catalunha, foi assassinado pelo regime de Franco.
Em 1938, durante os bombardeios em Barcelona, a sede do clube foi quase completamente destruída. Dos 12.000 membros no início da década, o Barça terminou com pouco mais de 2.000.
O ressurgimento
A década de 40 foi um período de “reconstrução”. O regime de Franco se encarregou de escolher as autoridades até 1953. Além disso, os estatutos foram passados para o castelhano e as listras vermelhas e amarelas do brasão foram eliminadas por nove anos.
No entanto, em 1950, tudo iria melhorar. Além do espírito catalão tão marcado, algo que caracteriza o FC Barcelona é a importância que os estrangeiros tiveram na sua história. Depois de Gamper, quem chegou para conquistar os fãs foi o húngaro Ladislao Kubala, que iria influenciar o clube novamente.
Pela sua mão, o FC Barcelona conquistou três títulos da Liga naquela década, às quais se somaram mais de 15 títulos contemporâneos. Devido ao aumento de sócios, um novo estádio foi construído: o lendário “Camp Nou”; com capacidade para 93.000 pessoas. Foi inaugurado em 1957.
No caminho oposto, Alfredo Di Stéfano, que esteve prestes a assinar com o Barça, levou o Real Madrid a conquistar cinco Copas da Europa consecutivas.
A “flecha loura” não chegou ao clube catalão devido à falta de confiança da diretoria e à quebra de um acordo para ceder o jogador em temporadas alternadas. Se houvesse finalmente assinado com o clube, poderia mudar a história de ambas as equipes.
Nos anos 60, tudo se complicaria novamente. Apenas quatro títulos foram conquistados pelo clube naqueles dez anos. A rivalidade com o Real Madrid – e com toda a Espanha – aumentava cada vez mais, à medida que o clube adicionava taças às suas estantes.
História moderna do FC Barcelona
A partir de 1970, a trajetória do Barça é um pouco mais conhecida. Em 1974, o recém-chegado Johan Cruyff brilhava no clube e o levava aos seus anos de esplendor com o treinador Rinus Michels.
Nos anos 80, sob a presidência de José Luis Nuñez, o clube expandiu o seu estádio; incluiu novos complexos poliesportivos e contratou estrelas tais como Diego Maradona, Gary Lineker ou Bernd Schuster.
No entanto, só conquistou uma Liga e três Copas do Rei. Além disso, perdeu a final da Copa da Europa de 1986 contra o Steaua de Bucareste.
“O futebol deve ser jogado de maneira atraente, ofensiva. O futebol precisa ser espetáculo”
-Johan Cruyff-
Johan Cruyff regressou ao FC Barcelona em 1988; mas agora como treinador. Foi aí que ele implantou um estilo de jogo que dura até hoje; o mesmo praticado pela legendária “Laranja Mecânica” de 1974. Em 1992, ele ganhou a primeira copa continental do clube, com um tal de Josep Guardiola como importante parte da equipe.
A era Guardiola
Embora o FC Barcelona sempre tenha sido considerado um grande clube europeu, foi em 2008, quando ‘Pep’ Guardiola assumiu as rédeas do time principal, que ele deu o grande salto.
Com estrelas tais como Lionel Messi, Carles Puyol, Andres Iniesta ou Xavi Hernandez como seus pontos de referência, o Barça conseguiu na última década o que poucos conseguiram em vários anos.
De fato, Três UEFA Champions League, três Mundiais de Clubes, seis Ligas e cinco Copas do Rei aumentaram o seu recorde nesse tempo. Apesar de Guardiola estar no banco até 2012, ‘Tito’ Vilanova, ‘Tata’ Martino, Luis Enrique e Ernesto Valverde conseguiram aumentar os 14 títulos que “Pep” deixou no Barça.
Além dessas conquistas, esse time tem jogado um futebol tão brilhante que muitos dizem que este é o melhor time da história do futebol. Certamente, uma junção de treinador e jogadores no seu melhor momento, no lugar certo.
Depois de uma história tão difícil, de tanta luta e reveses à sombra dos triunfos do Real Madrid, o Barça recuperou o lugar que merecia.
No nível esportivo, com times, recordes e consagrações históricas, e no nível institucional, sendo uma referência no futebol atual. Assim, eles não estão errados: eles são definitivamente mais que um clube.
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