Entenda o escândalo do doping na Rússia

Pensar em um plano sistemático de um Estado e das federações esportivas de um país para ocultar o doping dos seus atletas parece algo digno de um filme de ficção. No entanto, isso aconteceu muito recentemente.
Entenda o escândalo do doping na Rússia

Última atualização: 15 setembro, 2019

Na prévia dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e logo após os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014, um escândalo invadiu o cenário esportivo mundial. Foram expostas evidências de um plano sistemático de fraude ao sistema de detecção de substâncias proibidas em atletas. Saiba tudo sobre o escândalo do doping na Rússia.

Para promover a igualdade de condições no esporte e uma competição limpa entre todos os participantes, tanto o Comitê Olímpico Internacional (COI) quanto a Agência Mundial Antidoping (WADA) fazem grandes esforços para desenvolver métodos eficazes de detecção de substâncias proibidas.

No entanto, esse plano sucumbiu a uma estratégia russa – apoiada até mesmo pelo Estado – para camuflar as substâncias fornecidas aos atletas. Dessa forma, eles poderiam passar pelos testes sem resultados positivos. A descoberta desse segredo se tornou um dos episódios mais dramáticos da história do esporte.

Doping na Rússia: origem e descoberta

O escândalo, que surgiu como resultado de um vazamento feito por Vitaly Stepanov, funcionário da Agência Antidoping da Rússia (RUSADA), atingiu mais de mil atletas russos. Muitos esportes estavam incluídos: os de verão, os de inverno, os paraolímpicos… A questão era séria, mas verdadeira.

Embora o relatório principal que Stepanov enviou à WADA explicasse as irregularidades cometidas entre 2011 e 2015, também houve dúvidas sobre a possível implementação dessas práticas em períodos anteriores. Por exemplo, investiga-se a primeira década de 2000 ou a de 1980.

A informação veio à tona em uma publicação do New York Times. O jornalista britânico Nick Harris e a atleta russa Darya Pishchalnikova foram alguns dos citados como fontes documentadas das irregularidades cometidas pela federação russa para melhorar o desempenho dos atletas.

Além disso, outra investigação particular encomendada pela WADA a Richard McLaren, em 2016, apresentou evidências convincentes de um plano de ocultação de testes positivos, liderado pelas forças de segurança russas.

Os protagonistas do escândalo

Os protagonistas do escândalo

Sergei Portugalov foi uma das figuras que ficou no centro das atenções nesse caso. Ele é um químico que participou da estratégia da União Soviética para fornecer esteroides aos seus atletas, permitindo assim que eles tivessem um melhor rendimento durante as competições.

Além das enormes dúvidas que sempre foram levantadas sobre os Jogos Olímpicos de Moscou em 1980, o objetivo era ainda mais ambicioso para Los Angeles 1984.

No entanto, o país finalmente decidiu boicotar o evento em solo americano e não apresentou os seus atletas naquela data. Assim, a tática idealizada por Portugalov não teve efeito na época.

Grigory Rodchenkov é outro personagem central na história. Assim como retratado no documentário Icarus, ele foi um dos responsáveis ​​pelo desenvolvimento do plano perfeito a partir do próprio coração da WADA.

Rodchenkov era chefe do laboratório certificado pela WADA onde as análises eram realizadas na Rússia. Obviamente, o centro recebeu uma suspensão em 2015, quando todos esses delitos vieram à luz.

Consequências do escândalo do doping na Rússia

Dick Pound, diretor da WADA, recomendou que a Federação Internacional de Atletismo suspendesse os atletas russos em uma conferência em Genebra, na Suíça, em 2015. Esse veto também incluiria os Jogos Olímpicos do Rio 2016. A sanção da IAFF foi comunicada quase imediatamente.

No entanto, o COI não cumpriu essas diretrizes e decidiu analisar a situação de cada atleta de maneira individual . Foi assim que mais de 200 atletas russos foram aprovados para participar do evento olímpico no Brasil, enquanto mais de uma centena – principalmente do atletismo – foram excluídos por doping.

Diferentemente desse órgão, o Comitê Paraolímpico Internacional optou por excluir em definitivo todos os representantes russos para os Jogos Paraolímpicos de 2016.

Conclusão e consequências

Em resumo, o que foi exposto foi um sistema de fraude orquestrado pelo governo russo, pelo Ministério do Esporte, pelas forças de segurança e pelas federações esportivas. Além disso, as ações dos funcionários russos no laboratório de análise de testes em Moscou também foram essenciais.

Conclusão e consequências

No entanto, na Rússia, tanto funcionários públicos quanto até mesmo o próprio presidente Vladimir Putin se encarregaram de negar as acusações de doping totalmente. Até mesmo atletas icônicos como Yelena Isinbayeva descartaram questionamentos sobre ela e seus colegas.

A verdade é que todo o mundo do esporte foi abalado pelo evento. De fato, muitos atletas se sentiram lesados pela inação da WADA e do COI, os órgãos responsáveis ​​por supervisionar essas questões.

Para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, alguns atletas que haviam recebido suspensão perpétua após Sochi 2014 obtiveram permissão para participar. No entanto, já é tarde demais: todo o esporte olímpico ficou envolto em um manto de suspeitas que será muito difícil de esquecer.


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