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Quais são os benefícios do treino em altitude para o coração?

4 minutos
Cada vez mais pessoas praticam o treino em altitude. Esse tipo de treino tornou-se uma tendência até mesmo entre pessoas com problemas cardíacos.
Quais são os benefícios do treino em altitude para o coração?
Última atualização: 22 março, 2020

O treino em altitude tem ganhado adeptos ao longo do tempo. Pouco a pouco, se estabelece como uma atividade em potencial, não mais reservada apenas para os fãs de montanhas que correm sob qualquer condição climática.

Poderíamos dizer que a montanha se abriu para várias idades e condições físicas. As atividades de alta altitude se diversificaram o suficiente para aumentar sua popularidade.

Isso porque, juntamente com o treinamento, você tem a recompensa, na maioria das vezes, das paisagens e vistas panorâmicas. Para muitos que não correm em terrenos planos, a possibilidade de encontrar vales e montes é um incentivo.

No entanto, o aumento da prática do treino em altitude levantou dúvidas entre a população em geral. É benéfico para qualquer um? E os portadores de doenças crônicas? Um paciente cardíaco pode correr na montanha? Vamos analisar a situação com mais detalhes.

Treino em altitude e sua relação com os glóbulos vermelhos

Ao treinar em altitude, você exige um pouco mais do seu corpo. O efeito imediato é a redução da concentração de oxigênio. Quanto mais alto você estiver em relação ao nível do mar, menor será a quantidade de oxigênio disponível para o sistema respiratório.

O seu primeiro treino em altitude pode ser muito cansativo, principalmente se você nunca saiu do nível do mar ou se não o faz com muita frequência.

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No entanto, se o treino em altitude se torna repetitivo e constante, seu corpo busca adaptação. Uma das primeiras reações que ele executa para compensar a falta de oxigênio é produzir mais glóbulos vermelhos.

Quem treina em altitude regularmente pode ter até 20% mais glóbulos vermelhos do que uma pessoa normal.

Praticar exercícios em montanhas também aumenta a eficiência de uma proteína chamada mioglobina. A mioglobina localiza-se no interior dos músculos e transporta oxigênio entre os miócitos, que são células musculares.

Todas essas mudanças afetam o metabolismo do exercício. O atleta de altitude inicia seus primeiros treinos realizando metabolismo aeróbico, ou seja, consumindo muito oxigênio para permitir o trabalho de seus músculos.

À medida que os exercícios progridem e a eritropoietina (EPO) aumenta, a quantidade de glóbulos vermelhos aumenta e o metabolismo muda para anaeróbico. O músculo se torna mais eficiente, pois consome menos oxigênio e o tem em mais disponibilidade, para caso seja necessário.

Treino em altitude para pacientes cardíacos leves

O coração de uma pessoa saudável sem dúvida se beneficia do treino em altitude. Seu consumo de oxigênio se torna mais eficaz e ela aumenta sua resistência. Da mesma forma, o metabolismo muda de aeróbico para anaeróbico.

Para pacientes cardíacos leves, também existem benefícios. Obviamente, deve ser um paciente cardíaco que tenha uma fração de ejeção normal. Em outras palavras, significa que a quantidade de sangue que deixa o ventrículo esquerdo deve estar dentro da normalidade.

Se a pessoa atender aos requisitos de segurança, pode treinar em altitudes de até 2.500 metros acima do nível do mar. Também dependerá da sua tolerância pessoal ao exercício. De qualquer forma, entre 1.000 e 2.000 metros acima do nível do mar, os benefícios para quem sofreu um ataque cardíaco são evidentes.

As pessoas que sofreram um infarto, desde que tenham uma fração de ejeção normal e estejam sob supervisão médica, podem se dedicar ao treino em altitude. Obviamente, elas não atingirão níveis de atletas profissionais, mas aumentarão sua capacidade de oxigenação, o que é um benefício claro para sua condição.

Os riscos existem

Voltamos a enfatizar: estamos falando de benefícios para pacientes que atendem a determinadas condições de segurança. Por exemplo, uma fração de ejeção normal e uma tolerância comprovada ao exercício.

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Seria arriscado alguém com insuficiência cardíaca treinar em montanhas. Nesse caso, o aumento de glóbulos vermelhos não é suficiente, pois a circulação em geral é falha.

Também é arriscado se a patologia do coração estiver associada a problemas de hipercoagulação, uma vez que uma quantidade maior de glóbulos vermelhos gera o espessamento do sangue.

O mal de altitude também é um fator a considerar. Embora seja evidente a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, algumas pessoas podem sofrê-lo a cerca de 2.500 metros. É aconselhável que a pessoa cardíaca inicie a descida assim que perceber os primeiros sintomas.

A temperatura é outra questão importante. Nas montanhas, faz mais frio e a sensação térmica é mais baixa. Essas condições produzem vasoconstrição. O clima não é uma contraindicação, mas recomenda-se utilizar roupas adequadas e ter maiores precauções nessa situação.

Em conclusão

O treino em altitude é uma opção interessante para pacientes cardíacos, desde que sejam adeptos das montanhas. Eles podem combinar sua paixão com uma melhoria na qualidade de vida após um diagnóstico cardiológico.

Essas pessoas devem sempre contar com um profissional de saúde que controle seu estado clínico geral. Se cumprirem os requisitos mínimos, não haverá riscos ou desvantagens.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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