Riscos hormonais para a saúde do atleta
A prática habitual de esportes é benéfica para a saúde. Não apenas nos faz parecer esteticamente melhores quando nos olhamos no espelho, mas também há um grande número de modificações e adaptações internas no nosso corpo. Mas existem riscos hormonais relacionados ao esporte?
O sistema hormonal regula a secreção endócrina de todo o corpo. Em certas ocasiões, podemos encontrar alterações que envolvem riscos hormonais que podem afetar a saúde do atleta. Vamos descrevê-las abaixo.
Quando falamos de riscos hormonais, nos referimos a situações que podem potencialmente afetar a atividade do atleta. O exercício causa alterações hormonais em vários níveis, todos benéficos, como discutimos em outros artigos.
O risco real à saúde geralmente vem do abuso de hormônios artificiais que melhoram o desempenho atlético. Essas substâncias estão se tornando mais frequentes em certos esportes, como a musculação ou o ciclismo.
Riscos hormonais naturais
Como dissemos, dificilmente existem efeitos colaterais negativos em termos de alterações hormonais sem ingestão de substâncias exógenas. O exercício físico contribui para a regulação de vários eixos hormonais, como o eixo insulina-glucagon, o eixo dos hormônios sexuais ou o cortisol.
No entanto, realizar práticas esportivas intensas de forma repetitiva pode aumentar a secreção da testosterona e o hormônio do crescimento, o que poderia acelerar – em pacientes geneticamente predispostos – o processo de alopecia.
Nas mulheres, o aumento desses hormônios pode causar alterações no ciclo menstrual e amenorreia – falta da menstruação.
Riscos hormonais artificiais
Qualquer substância ingerida com o objetivo de melhorar o desempenho esportivo pode ser considerada doping. A grande maioria dessas substâncias causará efeitos nocivos ao organismo. Alguns podem alterar os eixos hormonais. Entre essas substâncias, destacam-se os esteroides anabolizantes.
Esteroides anabolizantes
Entre os mais utilizados estão os derivados da testosterona. Eles são esteroides que geralmente são usados em disciplinas como a musculação, embora ultimamente também sejam muito usados em esportes de contato, como artes marciais mistas.
Esses compostos derivados da testosterona imitam a ação desse hormônio nas células do corpo. No entanto, os eixos hormonais têm uma peculiaridade: são autorregulados por retroinibição, ou seja, um aumento na concentração da testosterona causa uma diminuição em sua síntese.
O local onde a testosterona é sintetizada são os testículos nos homens e a medula adrenal em ambos os sexos. Por esse motivo, os esteroides anabolizantes podem acabar produzindo insuficiência testicular, esterilidade, feminização, entre muitos outros efeitos adversos.
Eles também podem levar à insuficiência adrenal, embora seja menos comum que isso ocorra a curto prazo. No entanto, se houver uma alteração na função adrenal, podemos encontrar alterações na regulação do cortisol, catecolaminas e aldosterona. Tudo isso pode levar a problemas nos rins, fígado e coração.
Insulina e hormônio do crescimento
Nos últimos anos, uma técnica muito perigosa surgiu entre os praticantes de esportes de força e musculação: combinar a insulina e o hormônio do crescimento. Essa união hormonal melhora muito os ganhos de massa muscular magra sem gordura.
No entanto, pode ter efeitos catastróficos a nível cardiovascular. A administração exógena de insulina pode levar, tanto em indivíduos predispostos quanto saudáveis, ao desenvolvimento de diabetes tipo II. Isso, juntamente com o efeito negativo que ela tem sobre o colesterol, aumenta o risco de doença cardíaca coronária.
Agonistas adrenérgicos beta 2
Os agonistas adrenérgicos beta são medicamentos amplamente utilizados para as doenças respiratórias, como a asma brônquica, uma vez que os brônquios possuem esses tipos de receptores e a sua ativação causa dilatação das vias aéreas. Um exemplo é o salbutamol, vulgarmente conhecido como ventolin.
Outro medicamento conhecido que é usado com muita frequência no ciclismo é o clenbuterol. Este, além de melhorar a capacidade respiratória, estimula a queima de gordura.
O abuso dessas substâncias em altas doses produz inúmeros efeitos adversos, como palpitações, nervosismo ou taquicardia.
Finalmente, a dessensibilização dos receptores também pode ocorrer, isto é, eles param de responder à substância, o que pode ser fatal para uma pessoa asmática ou com problemas cardíacos.
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