Depressão e esporte: quais as relações?

O esporte combate a depressão? A depressão ocorre por conta dos esportes? Convidamos você a analisar essa associação recorrente e identificar todas as variáveis ​​que entram em jogo.
Depressão e esporte: quais as relações?

Última atualização: 09 dezembro, 2019

A associação entre depressão e esporte é recorrente e todos os dias nos deparamos com a ideia de que o exercício físico reduz o desconforto mental. No entanto, o quanto essa afirmação é verdadeira?

Para descobrir, teremos que investigar o impacto químico, orgânico e psicológico do esporte nas pessoas em risco de depressão. E veremos se o relacionamento também pode ser inverso.

Em que contexto? Por exemplo, quando seu trabalho está relacionado aos esportes. Muitos atletas estão expostos à depressão e as condições em que esse trabalho ocorre é um dos fatores para isso.

O que é depressão?

Hoje, a palavra depressão é amplamente usada e muitas vezes recebe um significado que ela não possui. Em outras palavras, ter depressão não é simplesmente estar triste. Portanto, devemos usar essa denominação com cuidado.

A própria Organização Mundial da Saúde a define como uma doença de distúrbio do humor, influenciada por fatores psicológicos e orgânicos.

Sintomas principais

Em termos gerais, a depressão é um diagnóstico que engloba um conjunto muito variado de sintomas. O distúrbio pode ocorrer de maneira severa ou moderada, bem como temporária ou permanentemente. Assim, a depressão pode ser definida pelos seguintes sinais:

  • Depressão de humor: estresse excessivo, isolamento, mal-estar, irritabilidade e tristeza constante. Além disso, há um estado de ansiedade que geralmente ocorre em concomitância.
  • Alterações nervosas: a depressão está associada a uma alteração funcional e estrutural do sistema nervoso central, principalmente ligada a deficiências no funcionamento normal dos neurotransmissores dopamina e serotonina.
  • Comprometimento cognitivo: as pessoas deprimidas tendem a ter pior desempenho em tarefas cognitivas que exigem funções complexas, como atenção ou memória.

Além disso, é importante notar que a depressão é um problema tão complexo que também é influenciada por fatores genéticos, biológicos e psicossociais.

A relação entre depressão e esportes

Depressão e esporte

Como mencionamos anteriormente, de acordo com alguns meios de comunicação, o esporte seria a cura para a depressão. Essa afirmação é enganosa e pretensiosa, pois tenta vender uma receita fácil e linear.

A verdade é que o esporte, em geral, é uma das possíveis ferramentas úteis para combater e prevenir estados depressivos, mas isso não significa um remédio milagroso e instantâneo.

Por que o esporte ajuda a prevenir a depressão?

O esporte tem sido mencionado como fator de proteção contra a depressão devido aos seguintes motivos:

  • Produção de endorfinas: esse neurotransmissor é liberado pelo hipotálamo e tem efeito analgésico e de bem-estar. Tanto o esporte quanto o amor ou a dor aumentam a liberação desse hormônio.
  • Melhora da autoestima: a atividade esportiva tem um componente físico muito importante. Melhoras na aparência pessoal podem aumentar a autoestima.
  • Vínculos e atividades: como mencionamos, isolamento e desinteresse social são fatores que podem ser reduzidos com um esporte em grupo. Sob essas condições, as pessoas podem se sentir incentivadas e motivadas a fazerem atividades ao ar livre.
  • Motivação: o esporte é uma maneira de se testar. Atingir metas e objetivos curtos pode reforçar o sistema de recompensa do sujeito.

Esporte e depressão: qualquer esporte serve?

Em um nível psicológico, a depressão é um distúrbio com causas múltiplas. Portanto, praticar esportes não é suficiente para o tratamento. Além disso, o esporte será benéfico desde que praticado com algumas condições:

  • Esporte diversificado: as atividades não podem ser monótonas, caso contrário, serão simplesmente uma distração passageira. A atividade esportiva, além de divertida, deve ser diversificada e permitir ao sujeito implementar diferentes planos motores e cognitivos.
  • Controlar as expectativas: o esporte por si só não cobrirá o conjunto de demandas e necessidades psicológicas básicas que um indivíduo possui. Identificar o esporte como a única solução restringe as possibilidades de tratamento.

Esporte e depressão: o outro lado da moeda

Assim como para uma pessoa comum praticar esportes pode significar escapar da rotina, para outros indivíduos o esporte pode ser rotina ou a causa da depressão. Falamos de atletas, que têm o esporte como o centro de suas vidas. Por isso, em muitos casos, eles não alcançam as metas esperadas e podem se frustrar.

Causas de depressão no esporte

Como nos demais campos, no esporte, as causas da depressão podem estar ligadas a vários fatores. Entre os mais comuns, podemos destacar:

  • Burnout: essa síndrome, caracterizada por exaustão e isolamento, geralmente se relaciona com a depressão. Quando os atletas param de aproveitar suas atividades e sentem que a recompensa não se encaixa em seus esforços e sacrifícios, eles ficam mais expostos a sintomas depressivos.
Síndrome de burnout
  • Lesões: muitos atletas indicam que a chave para se recuperar de uma lesão está na mente. Isso porque ansiedade e preocupação precoce podem fazer com que o sujeito caia dentro de um poço. Por outro lado, os vários choques sofridos nos esportes de contato têm sido associados a comprometimento cognitivo e sintomas depressivos.
  • Aposentadoria: parar de competir é um estágio difícil para qualquer atleta. Nesses casos, os sujeitos mais expostos serão aqueles que não se prepararam para se sentirem úteis e realizados em outras atividades fora do esporte.

Conclusões: depressão e esporte, uma relação bidirecional

Por fim, destaca-se a importância do esporte no combate aos fatores de risco psicológicos e orgânicos na depressão. Além disso, é essencial considerar a realização de outras atividades educacionais e de treinamento para atletas.

Objetivamente, entende-se que a depressão é uma doença grave que está ligada a muitos fatores que superam o esporte. Por esse motivo, a principal recomendação é consultar um profissional de saúde.


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