Depressão e esporte: quais as relações?
A associação entre depressão e esporte é recorrente e todos os dias nos deparamos com a ideia de que o exercício físico reduz o desconforto mental. No entanto, o quanto essa afirmação é verdadeira?
Para descobrir, teremos que investigar o impacto químico, orgânico e psicológico do esporte nas pessoas em risco de depressão. E veremos se o relacionamento também pode ser inverso.
Em que contexto? Por exemplo, quando seu trabalho está relacionado aos esportes. Muitos atletas estão expostos à depressão e as condições em que esse trabalho ocorre é um dos fatores para isso.
O que é depressão?
Hoje, a palavra depressão é amplamente usada e muitas vezes recebe um significado que ela não possui. Em outras palavras, ter depressão não é simplesmente estar triste. Portanto, devemos usar essa denominação com cuidado.
A própria Organização Mundial da Saúde a define como uma doença de distúrbio do humor, influenciada por fatores psicológicos e orgânicos.
Sintomas principais
Em termos gerais, a depressão é um diagnóstico que engloba um conjunto muito variado de sintomas. O distúrbio pode ocorrer de maneira severa ou moderada, bem como temporária ou permanentemente. Assim, a depressão pode ser definida pelos seguintes sinais:
- Depressão de humor: estresse excessivo, isolamento, mal-estar, irritabilidade e tristeza constante. Além disso, há um estado de ansiedade que geralmente ocorre em concomitância.
- Alterações nervosas: a depressão está associada a uma alteração funcional e estrutural do sistema nervoso central, principalmente ligada a deficiências no funcionamento normal dos neurotransmissores dopamina e serotonina.
- Comprometimento cognitivo: as pessoas deprimidas tendem a ter pior desempenho em tarefas cognitivas que exigem funções complexas, como atenção ou memória.
Além disso, é importante notar que a depressão é um problema tão complexo que também é influenciada por fatores genéticos, biológicos e psicossociais.
Depressão e esporte
Como mencionamos anteriormente, de acordo com alguns meios de comunicação, o esporte seria a cura para a depressão. Essa afirmação é enganosa e pretensiosa, pois tenta vender uma receita fácil e linear.
A verdade é que o esporte, em geral, é uma das possíveis ferramentas úteis para combater e prevenir estados depressivos, mas isso não significa um remédio milagroso e instantâneo.
Por que o esporte ajuda a prevenir a depressão?
O esporte tem sido mencionado como fator de proteção contra a depressão devido aos seguintes motivos:
- Produção de endorfinas: esse neurotransmissor é liberado pelo hipotálamo e tem efeito analgésico e de bem-estar. Tanto o esporte quanto o amor ou a dor aumentam a liberação desse hormônio.
- Melhora da autoestima: a atividade esportiva tem um componente físico muito importante. Melhoras na aparência pessoal podem aumentar a autoestima.
- Vínculos e atividades: como mencionamos, isolamento e desinteresse social são fatores que podem ser reduzidos com um esporte em grupo. Sob essas condições, as pessoas podem se sentir incentivadas e motivadas a fazerem atividades ao ar livre.
- Motivação: o esporte é uma maneira de se testar. Atingir metas e objetivos curtos pode reforçar o sistema de recompensa do sujeito.
Esporte e depressão: qualquer esporte serve?
Em um nível psicológico, a depressão é um distúrbio com causas múltiplas. Portanto, praticar esportes não é suficiente para o tratamento. Além disso, o esporte será benéfico desde que praticado com algumas condições:
- Esporte diversificado: as atividades não podem ser monótonas, caso contrário, serão simplesmente uma distração passageira. A atividade esportiva, além de divertida, deve ser diversificada e permitir ao sujeito implementar diferentes planos motores e cognitivos.
- Controlar as expectativas: o esporte por si só não cobrirá o conjunto de demandas e necessidades psicológicas básicas que um indivíduo possui. Identificar o esporte como a única solução restringe as possibilidades de tratamento.
Esporte e depressão: o outro lado da moeda
Assim como para uma pessoa comum praticar esportes pode significar escapar da rotina, para outros indivíduos o esporte pode ser rotina ou a causa da depressão. Falamos de atletas, que têm o esporte como o centro de suas vidas. Por isso, em muitos casos, eles não alcançam as metas esperadas e podem se frustrar.
Causas de depressão no esporte
Como nos demais campos, no esporte, as causas da depressão podem estar ligadas a vários fatores. Entre os mais comuns, podemos destacar:
- Burnout: essa síndrome, caracterizada por exaustão e isolamento, geralmente se relaciona com a depressão. Quando os atletas param de aproveitar suas atividades e sentem que a recompensa não se encaixa em seus esforços e sacrifícios, eles ficam mais expostos a sintomas depressivos.
- Lesões: muitos atletas indicam que a chave para se recuperar de uma lesão está na mente. Isso porque ansiedade e preocupação precoce podem fazer com que o sujeito caia dentro de um poço. Por outro lado, os vários choques sofridos nos esportes de contato têm sido associados a comprometimento cognitivo e sintomas depressivos.
- Aposentadoria: parar de competir é um estágio difícil para qualquer atleta. Nesses casos, os sujeitos mais expostos serão aqueles que não se prepararam para se sentirem úteis e realizados em outras atividades fora do esporte.
Conclusões: depressão e esporte, uma relação bidirecional
Por fim, destaca-se a importância do esporte no combate aos fatores de risco psicológicos e orgânicos na depressão. Além disso, é essencial considerar a realização de outras atividades educacionais e de treinamento para atletas.
Objetivamente, entende-se que a depressão é uma doença grave que está ligada a muitos fatores que superam o esporte. Por esse motivo, a principal recomendação é consultar um profissional de saúde.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Amorosi, M. (2014). Correlation between sport and depression. Psychiatria Danubina, 26, 208-210. Recuperado de Scopus.
- Nixdorf, I., Frank, R., & Beckmann, J. (2016). Comparison of athletes’ proneness to depressive symptoms in individual and team sports: Research on psychological mediators in junior elite athletes. Frontiers in Psychology, 7(JUN). https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.00893
- Yrondi, A., Brauge, D., LeMen, J., Arbus, C., & Pariente, J. (2017). Depression and sports-related concussion: A systematic review. Presse Medicale, 46(10), 890-902. https://doi.org/10.1016/j.lpm.2017.08.013
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.