Quais são as mudanças físicas associadas ao envelhecimento?
Uma tendência demográfica notável mundialmente é o envelhecimento da população. Os avanços da medicina, a melhora na higiene e o aumento da preocupação com a aquisição de hábitos saudáveis levaram a um aumento da expectativa de vida. Mas o envelhecimento vem com mudanças físicas que não são exatamente agradáveis.
Mudanças físicas no envelhecimento: a composição corporal
A composição corporal muda com a idade. A massa gorda e a gordura visceral aumentam, enquanto a massa muscular magra diminui.
Sarcopenia
As perdas de massa muscular, força e função podem estar relacionadas à idade e afetar a qualidade de vida dos idosos de forma significativa. Esse processo, conhecido como sarcopenia, leva à redução da mobilidade, aumento do risco de quedas e alteração das taxas metabólicas.
A sarcopenia fica mais acelerada com a diminuição da atividade física, embora também seja vista em indivíduos idosos ativos.
Atualmente, não há um grau específico de perda de massa corporal magra que determine o diagnóstico de sarcopenia. Todas as perdas são importantes, devido à estreita conexão entre massa muscular e força.
Na quarta década de vida, a evidência de sarcopenia já é detectável e o processo se acelera aproximadamente a partir dos 75 anos.
Também existe outro conceito, a obesidade sarcopênica, que envolve a perda de massa muscular magra em pessoas idosas com excesso de tecido adiposo. O excesso de peso e a massa muscular reduzida contribuem para a diminuição da atividade física, o que, por sua vez, acelera a sarcopenia.
Os estilos de vida sedentários podem levar à síndrome da morte sedentária. Esse conceito se refere aos problemas de saúde que representam uma ameaça à vida e que estão relacionados a um estilo de vida sedentário.
Pode ser definido como um estilo de vida sedentário o equivalente a queimar menos de 200 calorias por dia através da atividade física. Isso tem diversas consequências, tais como: maior risco de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade, excesso de peso e até mesmo a morte.
Paladar e olfato
A dieta e a nutrição podem ser comprometidas por uma má higiene bucal. A perda de dentes, o uso de próteses dentárias e a xerostomia – síndrome da boca seca – podem levar a dificuldades de mastigação e deglutição.
As pessoas com esses problemas na boca geralmente optam por alimentos macios e facilmente mastigáveis e evitam certas opções mais ricas nutricionalmente, tais como cereais integrais, frutas frescas, vegetais e carnes.
Além disso, as perdas sensoriais afetam as pessoas em graus variados, com diferentes taxas e em idades diferentes. A genética, o ambiente e o estilo de vida estão envolvidos na deterioração das faculdades sensoriais.
Alterações no paladar, olfato e tato relacionadas à idade podem levar à perda de apetite, escolhas alimentares inadequadas e a uma baixa ingestão nutricional.
Embora uma certa disgeusia (alteração do sentido do paladar), perda de paladar ou hiposmia (diminuição do sentido do olfato) sejam atribuíveis ao envelhecimento, muitas alterações ocorrem por causa de medicações.
Como os limiares de paladar e olfato ficam mais altos, as pessoas idosas podem se sentir tentadas a temperar demais os alimentos, especialmente adicionando mais sal, algo que pode ter um efeito negativo para muitas pessoas idosas.
O paladar e o olfato estimulam processos metabólicos, como a secreção de saliva, ácido gástrico ou sucos pancreáticos, e também aumentam os níveis plasmáticos de insulina. Portanto, uma menor estimulação sensorial também pode impedir tais mecanismos.
Distúrbios gastrointestinais
As alterações gastrointestinais podem afetar a ingestão de nutrientes pelo indivíduo de forma negativa, especialmente quando o envelhecimento dos órgãos começa a se manifestar.
A disfagia, uma disfunção que afeta a deglutição, geralmente está associada a doenças neurológicas e ao envelhecimento. Ela aumenta o risco de pneumonia por aspiração, uma infecção causada pela entrada de líquidos ou alimentos nos pulmões.
Líquidos densos e alimentos com textura modificada podem ajudar as pessoas com disfagia a comer de uma forma mais segura.
Com a idade, também é possível que surjam alterações gástricas. A diminuição da função da mucosa gástrica resulta em uma incapacidade de resistir a agressões como úlceras, câncer e infecções.
Enquanto isso, a gastrite causa inflamação e dor, atraso no esvaziamento gástrico e desconforto. Tudo isso afeta a biodisponibilidade de nutrientes como cálcio e zinco e aumenta o risco de desenvolver doenças por deficiência crônica, como a osteoporose, por exemplo.
Por outro lado, a acloridria é a produção insuficiente de ácido no estômago. Níveis suficientes de ácido e fator intrínseco no estômago são necessários para a absorção da vitamina B12.
Diante disso, embora quantidades consideráveis sejam armazenadas no fígado, podem ocorrer deficiências de vitamina B12. Os sintomas são frequentemente diagnosticados de forma incorreta porque se assemelham aos da doença de Alzheimer ou de outras doenças crônicas.
Finalmente, a incidência de diverticulose e constipação é algo comum durante o envelhecimento. As principais causas da constipação são a ingestão insuficiente de líquidos, a falta de atividade física e a baixa ingestão de fibras através da dieta.
A constipação também pode ser causada pelo prolongamento do tempo de trânsito intestinal e por certos medicamentos, como os narcóticos, por exemplo.
Em suma, manter hábitos saudáveis e cuidar da saúde ao longo dos anos parece ser uma necessidade primordial para preservar o bem-estar apesar das inevitáveis mudanças físicas que surgem com o envelhecimento.
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