Esporte e dor: até que ponto essa relação é normal?

É normal que o esporte esteja acompanhado da dor? Partindo do princípio de que a dor nos avisa que algo está errado... O mais provável é que tenhamos um problema.
Esporte e dor: até que ponto essa relação é normal?

Última atualização: 22 novembro, 2019

Todo mundo que já praticou esportes sabe que estamos expostos a lesões. Além disso, conhecemos em primeira mão as dores musculares, a fadiga e as barreiras impostas pelo nosso condicionamento físico. Mas essa relação entre esporte e dor é algo normal?

Praticar esportes

Tomemos como referência o que significa praticar um esporte, qualquer que ele seja. A única coisa que estamos fazendo ativamente, através do cérebro e dos nervos, é contrair e relaxar uma série de músculos.

Por sua vez, os músculos movem os ossos aos quais estão presos através dos tendões. É assim que chutamos ou jogamos uma bola, andamos, nadamos e até mesmo pegamos a garrafa de água para matar a sede.

Ao mesmo tempo, quando os músculos e os ossos se movem, as outras estruturas que fazem com que o movimento seja normal e fluido também são ativadas.

Essas estruturas incluem os tendões, ligamentos e cápsulas articulares acima mencionados. Enquanto isso, o coração bombeia o sangue mais rapidamente para garantir que chegue oxigênio suficiente a todas as partes envolvidas.

Assim, entre as muitas vantagens de praticar esportes, podemos destacar:

  • Fortalecimento muscular.
  • Os tecidos auxiliares são mantidos ’em alerta’, para que eles se ativem de forma mais rápida e eficaz.
  • Manutenção e aprimoramento das conexões neurais.
  • Prevenção de doenças cardiovasculares.
  • Fortalecimento dos ossos através da absorção de células antigas e da criação de novas.
  • Sensação de bem-estar devido à liberação de hormônios.

Todas essas razões explicam a necessidade de praticar esportes para ter um estilo de vida saudável. Caso contrário, ocorrem efeitos contrários aos descritos.

No entanto, por várias razões, o esporte também pode estar associado ao desconforto ou à dor. Veremos em quais casos isso ocorre e em quais deles devemos procurar a ajuda de um profissional.

Praticar esportes

Esporte e dor

Essa árvore tem muitos galhos, então vamos podar os que estiverem sobrando para nos aproximarmos dela mais facilmente. Primeiramente, vamos descartar o cansaço. Estamos trabalhando os músculos e, tanto se levarmos uma vida sedentária quanto se aumentarmos a carga de treinamento, os músculos vão se cansar.

Isso significa que é normal que tenhamos mais dificuldade para fazer o exercício à medida que a treino avança e que, quando chegamos em casa e nos deitamos, tenhamos dificuldade para nos levantar. Os músculos trabalharam duro e precisam se recuperar. Até agora, tudo normal.

A seguir, temos o caso das dores musculares. O fato de notarmos desconforto precisamente no grupo muscular que foi trabalhado durante os dois ou três dias seguintes a um esforço físico maior do que o normal também não deve nos preocupar.

Nesse caso, as microfibras musculares foram rompidas e, por esse motivo, sentimos dor. No entanto, elas voltarão a crescer e serão mais fortes, porque o corpo é sábio e quer que suportemos outro esforço semelhante, caso ele ocorra nos próximos dias. Dormir bem e fazer exercícios leves vai acelerar a recuperação.

Dores que não são normais

A dor mais óbvia que representa um problema e não é normal é a de uma lesão. Se fizermos um movimento anormal ou abrupto e essa parte do corpo começar a doer, claramente teremos causado danos ao músculo, tendão, ligamento, cápsula, nervo, osso ou cartilagem, que precisará ser examinado por um especialista.

Também temos o caso de algo começar a doer assim que começamos a prática esportiva. Conforme já dissemos, a fadiga muscular é algo normal e não devemos ficar alarmados se percebermos desconforto ou uma dor leve depois de estarmos ativos durante algum tempo.

O que não é comum é ter dor desde o início. Nesse caso, também devemos ser examinados para procurar a causa da dor.

Por outro lado, há também a possibilidade de estar fazendo exercícios de forma incorreta. Usando o exemplo mais comum, se fizermos agachamentos deixando os joelhos ultrapassarem a linha vertical traçada a partir dos dedos dos pés, esse movimento incorreto vai causar dor no joelho.

Dessa forma, o corpo está nos dizendo que estamos fazendo algo errado e, portanto, isso não é algo normal. Nesse caso, é necessário usar a lógica: se iniciarmos um esporte ou uma série de exercícios novos, temos que aprender a executá-los corretamente.

Dores que não são normais

Esporte e dor: conclusões

Em conclusão, podemos estabelecer que a dor nos avisa que algo está errado. Existem homens que estão dispostos a praticar esportes com dor para se sentirem mais ‘masculinos’ e numerosos atletas de elite estão procurando maneiras de aliviar o desconforto para não interromper a sua prova temporariamente.

Ambas as atitudes são prejudiciais ao corpo e aumentam a possibilidade de agravar a condição ou de ter outras lesões diferentes. A dor nesses casos não é algo normal, mesmo que alguém esteja disposto a sofrer.

As pessoas que não são atletas profissionais não devem praticar esportes com dor. Sentir-se cansado ou andar com desconforto para aliviar alguma dor muscular é uma boa ideia para promover a recuperação.

Mas qualquer dor aguda, que apareça sempre com o mesmo movimento, ou que nos machuque ao iniciarmos uma atividade esportiva, é um sinal da existência de um problema que devemos tratar.


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  • Analgesics and Sport Performance: Beyond the Pain-Modulating Effects. Darias Holgado MD, James Hopker PhD, Daniel Sanabria PhD, Mikel Zabala PhD. PM&R. Volume 10, Issue 1, January 2018, Pages 72-82

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