Os efeitos do esporte sobre os hormônios
Quando começamos a praticar esportes, focamos especialmente nos benefícios que obtemos em um nível estético e de rendimento. Todos sabemos que o esporte é bom para a saúde. Nesse sentido, é fundamental entender os efeitos do esporte sobre os hormônios.
O que são os hormônios?
Os hormônios são substâncias geralmente proteicas ou lipídicas geradas nas glândulas endócrinas de alguns órgãos do nosso corpo e secretadas na circulação sanguínea. Uma vez na circulação, eles viajam por todo o corpo até o seu “órgão alvo”, no qual eles vão efetuar uma ação concreta.
Ainda que muitos tecidos possam secretar hormônios, há alguns órgãos especializados encarregados especificamente da secreção de certos hormônios:
- A glândula tireoide secreta tiroxina, que está envolvida nos processos metabólicos. Entre outras funções, ela aumenta o gasto energético, a frequência cardíaca e a tensão arterial.
- O pâncreas secreta hormônios fundamentais como a insulina ou o glucagon, encarregados da regulação da glicose no sangue.
- As glândulas suprarrenais produzem hormônios muito importantes como, por exemplo, a aldosterona, o cortisol e as catecolaminas. Eles têm diversas funções, mas, de forma geral, eles nos preparam para situações “perigosas” ou “estressantes” como o exercício e, assim, melhoram o rendimento.
- As genitálias masculinas e femininas secretam testosterona e estrógeno, respectivamente. A testosterona é relacionada ao ganho de força e massa muscular.
- Por último, a hipófise coordena todas as demais glândulas, secretando hormônios que vão estimular a síntese dos hormônios anteriores. Ela também produz o hormônio do crescimento, fundamental no rendimento esportivo. Por sua vez, ela é controlada pelo hipotálamo.
O esporte e os hormônios
Para entender os efeitos do esporte sobre os hormônios, devemos compreender que, para o nosso corpo, o esporte é uma situação estressante. Por isso, ele apela para mecanismos que, no passado, nos ajudavam a sobreviver em um ambiente hostil, como, por exemplo, os hormônios da glândula suprarrenal.
O cortisol é um hormônio que reage diante do estresse súbito e aumenta a eficiência do metabolismo energético, especialmente dos carboidratos. Por isso, durante a prática física intensa, o glicogênio armazenado no fígado e nos músculos é consumido rapidamente.
No entanto, as catecolaminas, cujo principal representante é a adrenalina, têm efeito sobre os receptores adrenérgicos alfa e beta situados em diferentes órgãos do corpo. Elas produzem a vasoconstrição das artérias e das veias, o que aumenta o retorno venoso e a tensão.
Além disso, as catecolaminas aumentam a frequência cardíaca e a capacidade cardiorrespiratória em geral, ao mesmo tempo em que tornam mais eficiente o transporte de nutrientes aos nossos tecidos.
Em resposta ao estresse gerado durante o esporte, a hipófise secreta o hormônio do crescimento, que age por meio de um segundo mensageiro chamado IGF-1, de síntese hepática, e promove o crescimento dos ossos (para aqueles que ainda estão em fase de crescimento) e, sobretudo, a hipertrofia dos músculos.
Efeitos do esporte sobre os hormônios a longo prazo
A prática esportiva habitual vai produzir uma série de adaptações fisiológicas orientadas para a atividade física. Entre as mais importantes estão aquelas que são produzidas sobre o sistema hormonal:
- A prática esportiva habitual, especialmente quando se trata de esportes de alta performance, aumenta os níveis sanguíneos de testosterona. Isso tem uma consequência espetacular sobre o rendimento esportivo, especialmente na força. Esses níveis aumentam tanto em homens quanto em mulheres, mas isso não deve ser motivo de preocupação, pois eles nunca serão suficientemente altos para produzir a masculinização.
- A atividade física está relacionada com uma melhor resposta à insulina. Enquanto o sedentarismo pode induzir uma dessensibilização a esse hormônio conhecida como resistência, a prática esportiva habitual tem o efeito contrário. Portanto, ela melhora o metabolismo energético.
- Níveis altos de cortisol de forma crônica já foram relacionados com situações de estresse psicológico e obesidade central (a gordura se acumula no abdômen e na bacia). A prática esportiva mantém níveis corretos de cortisol, dessa forma prevenindo essas situações.
- As situações estressantes como a atividade física são um dos principais estímulos para a síntese e a secreção do hormônio do crescimento. Esse hormônio desempenha um papel essencial no rendimento esportivo, já que aumenta os níveis de massa muscular e diminui o índice de gordura corporal. Igualmente, ele favorece o metabolismo e o uso de gorduras como combustível.
Com tudo isso, pode-se concluir que os benefícios do esporte não se limitam apenas ao âmbito estético, mas também vão muito além disso.
A prática esportiva produz mudanças no metabolismo e no sistema hormonal que serão benéficas para a saúde a longo prazo. A atividade física e o esporte não apenas ajudam a estarmos saudáveis por fora, mas também por dentro.
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